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segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Lisnave em Dia de Finados

Em Dia de Finados relembro aqui o triste caso do homem que morreu electrocutado há poucos dias na Lisnave, em Setúbal. O trabalhador estava a receber tubos na doca quando precisou de afastar um cabo. Essa acção seria a última que faria em vida, pois sofreu uma descarga fatal.

O acidente em si poderia passar como apenas um acidente. Mas as acusações dos sindicatos são graves. Demasiado graves para que nos deixemos anestesiar pela indiferença habitual do "mais-uma-morte".

Diz, em comunicado, o sindicato dos metalúrgicos:
Os trabalhadores com contrato precário são as principais vítimas dos acidentes de trabalho, principalmente por causa da sua insegurança na relação contratual. Recebendo à hora, sem a aplicação dos direitos legais e contratuais, sem o fornecimento de todos os meios de protecção individual e sem a necessária formação sobre segurança, sujeitam-se a todo o tipo de trabalho, com justificado receio de serem despedidos na hora. Os trabalhadores com contrato permanente podem mais livremente alegar falta de segurança individual ou colectiva e exigir a criação de condições para trabalhar. Mas com contrato precário a sujeição ao risco é quase total, resultando daí muitos acidentes.

Resumo: quem for precário e exigir segurança, atrasando os trabalhos, pode ser dispensado num abrir e fechar de olhos.

Que as empresas contratem a recibos verdes por duvidosas dificuldades financeiras ainda se engole. A custo, mas engole-se. Mas quando se chega ao ponto de a empresa não conseguir garantir a segurança básica dos trabalhadores, quer sejam "seus" ou "alheios", algo vai mal. As notícias acabaram com o habitual "causas do acidente estão por apurar, mas foi aberto um inquérito". O verdadeiro mas deveria ser para o facto de a Lisnave nada dizer, de calar a desgraça.

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