Sigam o raciocínio. Um aluno é avaliado durante o ano e no final é-lhe atribuída uma nota (chamada Classificação Final) de 1 a 5. Não existe a nota 0. Depois vai a exame e é-lhe atribuida uma nota de 0 a 100 que é convertida numa nota (Classificação de exame) de 1 a 5. A Nota Final é calculada da seguinte forma: a Classificação Final vale 70% e a Classificação de Exame vale 30%.
De acordo com estas contas, os resultados possíveis são os seguintes:
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | |
1 | 1 | 1 | 2 | 2 | 2 |
2 | 2 | 2 | 2 | 3 | 3 |
3 | 2 | 3 | 3 | 3 | 4 |
4 | 3 | 3 | 4 | 4 | 4 |
5 | 4 | 4 | 4 | 5 | 5 |
Da leitura da tabela resulta claro que um aluno com 1 não deve ir a exame, pois chumbará mesmo que tenha 5 no exame. A um aluno com 4 basta comparecer na prova e entregar a folha em branco, pois mesmo com 1 no exame passará sempre na disciplina (quero acreditar que a maioria dos alunos de 4 têm algum orgulho e se esforçarão para manter a nota, mas haverá sempre uma minoria que engrossará as "negativas no exame", distorcendo a estatística).
Mas o dado mais interessante é este: a um aluno com 3 ( e muitos há cuja nota foi "puxada" pelo professor no 3º período...) basta ter 20 valores em 100 no exame para ter nota 2 no exame. E com nota 2 no exame um aluno de 3 passa de ano!
Confira aqui com uma grelha oficial de correcção preenchida por mim com alguns exemplos hipotéticos:
Conclusão: quando ler notícias que dão conta do descalabro das notas dos exames de Matemática e Português do 9º ano, lembre-se que essas notas só contam para 30% da nota final e que um aluno de 3 (que representará a maior fatia dos alunos juntamente com os alunos de 1 e 2) precisa apenas de ter 1/5 do seu exame correcto para passar de ano.
Para uma leitura correcta dos dados era importante saber quantas das negativas a exame correspondem:
a) a alunos que tiveram negativa durante o ano lectivo (e que assim repetem o fracasso); e
b) a alunos que tiveram 3 e fazem apenas os mínimos (tirar entre 20 a 49 no exame) para assim passar na disciplina.
Tenho a certeza que o descalabro é grande, mas gostava de ver mais rigor na divulgação e interpretação desde dados. Como jornalista, sei que nem sempre é possível fazer estas contas em tempo útil. Talvez esteja na hora de alguém as fazer em tempo inútil.
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